REFLEXÕES
SOBRE A PRÁTICA DOCENTE II
(Séries
Iniciais)
Ana Paula S.
Caberlon¹
___________________
¹ Acadêmica
em Pedagogia UFPEL, Polo São Francisco de Paula.
A
INTENÇÃO GERAL DO TEXTO
Este
texto tem por objetivo, trazer aos seus leitores algumas
considerações a respeito do ensino e da aprendizagem em uma turma
de 2º ano do Ensino Fundamental, durante o período de Prática
Docente, realizado pela acadêmica em Pedagogia, autora do respectivo
artigo.
Tais
considerações, partem do “Conhecimento e acompanhamento da
aprendizagem da turma” pela estudante, complementando com as “Ações
necessárias para garantir tal aprendizagem” e com o “Planejamento”
elaborado pela mesma, durante o período de sua Prática.
Traz
ainda, considerações sobre o “Papel docente a partir das
situações de aprendizagem e não aprendizagem” sob diferentes
aspectos: “Diante da matriz curricular e do PPP”; “Da
aprendizagem dos alunos”; “Da relação com a realidade
concreta”; “Da organização e da coordenação das propostas na
sala”; e, “Da busca pela rede de apoio.”
A
intenção é ao longo do texto, trazer aos leitores, a visão da
estudante sobre os diferentes aspectos abordados e sua reflexão
sobre o papel docente dentro deste contexto, a partir da sua
experiência docente realizada durante o período de estágio, na
turma parceira.
1.CONHECIMENTO
E ACOMPANHAMENTO DA APRENDIZAGEM DA TURMA
O
período, no qual, o estudante de Pedagogia realiza a sua Prática
docente, apesar de ser relativamente curto, é essencial, para que o
mesmo, possa conhecer e acompanhar a aprendizagem da turma.
Ao
longo deste período, foi possível perceber que, a turma parceira,
no geral, é uma turma muito boa de se trabalhar, os alunos são
interessados, têm vontade de aprender, principalmente, em relação
à leitura e escrita.
Neste
sentido, é importante aguçar o gosto pela leitura nas crianças,
através de atividades que contemplem histórias da literatura
infantil e que, posteriormente, proponham aos alunos, a criação de
suas próprias histórias.
Entretanto,
nem todos os alunos estão no mesmo ritmo de aprendizagem.
Enquanto
que, alguns alunos, são capazes de realizar a leitura de um texto,
ou mesmo, criar a sua própria história e redigi-la, com autonomia,
outros, necessitam de auxílio para avançar na formação das
palavras.
Sobre
este assunto, a pedagoga “Laísa Larcher”, define com clareza, em
um de seus artigos, o que deveria ser o pensamento de todo o
educador: “Se a leitura já estiver sempre presente na vida do
aluno, ele terá mais facilidade na aquisição da escrita.”
E,
ainda acrescenta que, se isso não ocorrer no ambiente familiar do
aluno,-que deveria ser o habitual -, é “a escola que deve assumir
esse papel, inserindo o aluno em um espaço letrado”, tendo o
professor como mediador deste processo, proporcionando ao seu aluno
“referenciais para criar e desenvolver suas primeiras reflexões e
formulações.”
2. AÇÕES
NECESSÁRIAS PARA GARANTIR A APRENDIZAGEM
Considerando,
os diferentes ritmos de aprendizagem presentes na turma, faz-se
necessário realizar algumas ações, a fim de garantir a
aprendizagem de todos os alunos.
Para
os alunos com o ritmo de aprendizagem um pouco mais lento, a
assistência individual, é de extrema importância para que haja
evolução no processo ensino-aprendizagem.
Enquanto,
necessitava dar uma atenção maior à esses alunos, na resolução
das atividades propostas, uma boa alternativa encontrada era
solicitar aos demais alunos que já haviam concluído, que ajudassem
os outros colegas na conclusão das mesmas.
Já
para os alunos com o ritmo muito acelerado, os quais concluíam as
atividades corretamente, antes dos demais colegas, foram necessárias
outras ações, além de solicitar a ajuda dos mesmos, também foi
preciso adaptar algumas atividades, para que pudessem aprofundá-las
mais e, disponibilizar alguns livros da literatura infantil, para que
pudessem realizar uma leitura silenciosa após o término das
atividades.
3. O
PLANEJAMENTO:
O
Planejamento elaborado para este período de Prática Docente,
priorizou justamente, despertar nos alunos o gosto pela leitura e,
por conseguinte, a prática prazerosa da escrita.
Através
de atividades relacionadas à diferentes obras da literatura
infantil, de diferentes gêneros literários, como a poesia, por
exemplo, foi possível construir com os alunos a sua capacidade
leitora e escritora, além de trabalhar as áreas do conhecimento, de
maneira mais lúdica e encantadora.
Falando
em “encantamento”, em relação a prática da leitura em sala de
aula, “Carla Cunha”, graduada em Letras/Inglês, defende que “o
processo de conquista na infância acontece pelo encantamento.”
Por
isso, é necessário estimular o aluno ao máximo, “fomentar o
gosto por tal prática, trazer à tona uma semente que necessita ser
regada com incentivo, demonstração de amor, exemplos.”
Ao
longo da Prática Docente, as atividades propostas buscaram promover
esse “encantamento” nos alunos, através de “Rodas de Leitura”,
“Leituras em grupo”, “Interpretação teatral da obra
literária”, entre outras.
Enfim,
como futuros educadores, devemos nos inspirar no conceito de Paulo
Freire, de que “ler é aprender a interpretar o mundo, é ir além
das letras”, buscando oportunizar ao nosso aluno, situações em
que ele possa descobrir o sentido real de tal prática.
4. O
PAPEL DOCENTE A PARTIR DAS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM E NÃO
APRENDIZAGEM
4.1
Diante da matriz curricular e do PPP:
É
importante que, o professor relacione a proposta da Matriz Curricular
e do PPP da escola com a sua proposta de aula, pois os mesmos, são
elementos norteadores para a Prática Docente.
A
partir do planejamento elaborado, busquei promover situações de
aprendizagem condizentes com tais elementos.
Para
uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental, faz-se necessário que, o
processo de alfabetização ocorra da melhor maneira possível, tendo
o professor como mediador deste processo, proporcionando ao aluno
momentos de aprendizagem, bem como, alguns recursos importantes, como
o acesso a diferentes obras literárias, que contribuam para a
construção da capacidade leitora e escritora do aluno.
Neste
sentido, é fundamental que, tanto nas situações de aprendizagem,
quanto nas situações de não aprendizagem, o professor continue
estimulando o aluno a avançar rumo à construção do seu próprio
conhecimento.
Assim
como, Rogéria Novo da Silva, afirma em seu artigo “Pensamento
lógico e expressões formais da lógica”: “O processo de ensino
tem como compromisso organizar-se levando em consideração o
protagonismo dos sujeitos e sua capacidade de construir conhecimento
[…].”
4.2
Diante da aprendizagem dos alunos:
É
fundamental que, o professor esteja atento às evidências de
aprendizagem e não aprendizagem por parte de seus alunos, em sala de
aula. Deste modo, poderá agir de forma coerente em cada situação.
Ao
longo deste período de Prática Docente, por diversas vezes,
deparei-me com situações dos dois tipos.
De
certo modo, a aprendizagem da maioria dos alunos, era evidente. Esta
percepção foi possível, através da resposta positiva que era dada
pela maioria da turma quanto às atividades propostas; seja através
de uma interpretação de texto coerente, ou mesmo, através da
construção de um poema ou história realizados com muita
criatividade e interesse.
Nestes
casos, era essencial elogiá-los, estimulando-os assim, a avançar na
construção do próprio aprendizado.
Em
alguns casos, onde era evidente, a não aprendizagem, quando percebia
que alguns alunos conseguiam concluir certas atividades, era
necessário, dar uma atenção maior a eles, auxiliando-os no
entendimento e conclusão das mesmas. Buscando sempre, incentivá-los
a aprender com seus acertos e não acertos, sem desestimulá-los
nunca, ao contrário, fazendo com que eles mesmos percebessem o
quanto já evoluíram e o quanto poderão evoluir, no seu próprio
processo de aprendizagem, se tiverem força de vontade e dedicação.
4.3
Diante da relação com a realidade concreta:
É
imprescindível que, o professor, tenha conhecimento a respeito do
“objeto de estudo”, que será trabalhado com seu aluno,
facilitando assim, a ação do professor e possibilitando maiores
chances de aprendizagem por parte dos alunos.
Conforme,
a “Metodologia Dialética de Conhecimento em Sala de Aula”, a
qual, é muito bem definida por “Vasconcellos”, em seu artigo, “o
conhecimento é construído pelo sujeito na sua relação com os
outros e com o mundo”, significando que, “o conteúdo que o
professor apresenta precisa ser trabalhado, refletido, re-elaborado,
pelo aluno, para se constituir em conhecimento dele.”
Neste
sentido, durante a minha Prática Docente, procurei trabalhar com
temáticas que eram de meu conhecimento e do
interesse dos alunos.
Ainda,
segundo “Vasconcellos”, “cabe ao educador não apenas
apresentar os elementos a serem conhecidos, mas despertar, como
freqüentemente é necessário, e acompanhar o interesse dos
educandos pelo conhecimento.”
Percebi
que, as temáticas, as quais eu possuía maior conhecimento e
experiência de trabalhos anteriores, Meio Ambiente e Reciclagem, por
exemplo, foram as que mais entusiasmaram os alunos, facilitando
assim, a aprendizagem dos mesmos.
Conhecer
bem o assunto a ser trabalhado em sala de aula, traz segurança ao
professor, e sobretudo, ao aluno também, que se sente confiante e
capaz de assimilar o que foi ensinado pelo professor e ir em busca de
novos conhecimentos sobre o assunto.
4.4
Diante da organização e da coordenação das propostas na sala:
As
escolhas feitas pelo professor, em relação à organização e
coordenação das propostas na sala de aula interferem
consideravelmente na aprendizagem dos alunos. Fazendo as escolhas
certas, o professor ajuda a potencializar a aprendizagem dos mesmos.
No
momento de realizar uma leitura, de um texto ou história, por
exemplo, o professor pode propôr uma “Roda de Leitura” aos
alunos, disponibilizando-os em círculo e sugerindo que cada um leia
um pedaço do texto, ao invés de, apenas distribuir o texto impresso
e solicitar que realizem uma leitura silenciosa e individual, em sua
própria classe.
A
leitura em grupo também é uma boa opção, estimula o aluno a ter
vontade de ler cada vez mais e melhor e, a ajudar o colega do grupo
que ainda não sabe ler fluentemente.
É
neste sentido que, através das escolhas realizadas durante minha
Prática Docente, pude obter estas percepções, com as experiências
positivas adquiridas.
4.5
Diante da busca pela rede de apoio:
É
muito importante que, o professor busque auxílio junto à rede de
apoio da escola, e a mesma existir ou estiver atuante no momento, é
claro. Pois, deste modo, o professor poderá entender melhor e agir
no sentido de garantir a aprendizagem dos alunos.
Neste
sentido, ao iniciar a minha Prática Docente, conversei com a
professora titular a respeito deste assunto. Fiquei sabendo que,
existe uma rede de apoio na escola, inclusive dois alunos da turma
estão inscritos no reforço escolar no turno inverso da aula, no
entanto, a mesma não está atuante no momento, devido a falta de
profissionais.
A
família de um desses alunos, que tem mais condições financeiras,
resolveu contratar uma professora particular, em turno inverso da
escola, para ajudá-lo em suas necessidades individuais de
aprendizagem.
É
lamentável que, ainda hoje, tenhamos que presenciar este tipo de
situação. Onde, um serviço que deveria ser oferecido pelo poder
público, tornou-se privado, fazendo com que, a própria família do
aluno arcasse com o prejuízo. Sem contar, o outro aluno, que também
necessitava de assistência, e, ficou sem, pois não tinha condições
financeiras para pagar.
Infelizmente,
devido a rede de apoio da escola estar inoperante no momento do
estágio, também não pude ter contato com tais profissionais. Pois,
acreditava que, se tivesse conseguido estabelecer uma relação com
eles, poderia agir de maneira mais eficaz no sentido de garantir a
aprendizagem destes alunos.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Pode-se
dizer que, o conhecimento e acompanhamento da aprendizagem da turma,
fundamentam o trabalho do professor, possibilitando-o a dar
continuidade ao mesmo, de maneira coesa e coerente.
É
importante que, tanto o professor, quanto o estagiário, busquem esse
conhecimento e acompanhamento da turma, a fim de, atender as
necessidades individuais de cada aluno.
Não
é preciso dizer que, o planejamento, é elemento norteador para o
trabalho do educador em sala de aula, no entanto, é necessário
ressaltar que, este planejamento, deve focar o interesse do aluno,
trazendo-lhe “encantamento” nas suas atividades.
Por
fim, o papel docente, não se resume apenas em elaborar um bom
planejamento e aplicá-lo em sala de aula, mas sim, em conseguir
perceber as necessidades individuais de cada aluno, bem como, seus
interesses; para que possa adaptar o seu Plano de aula, se assim for
preciso, com o intuito de contribuir para a aprendizagem de seus
alunos.
É
neste sentido que, acredito ter realizado, ao longo da minha Prática
docente, um trabalho significativo, tanto para meus alunos, quanto
para mim, como futura educadora. Pois, através de temáticas que
eram de meu conhecimento, consegui despertar o interesse dos alunos e
por fim, promover um resultado positivo, através das próprias
atitudes dos alunos, quanto à construção do conhecimento em sala
de aula.
“O
processo de ensino precisa ser organizado a partir do processo de
aprendizagem, preservando as características do objeto de
conhecimento a ser construído.” Rogéria Novo da Silva.
REFERÊNCIAS
- LARCHER, Laísa. Construindo a capacidade escritora. In: Revista Guia Prático do Professor-Ensino Fundamental I. São Paulo: Ed. Escala (n.114);
- CUNHA, Carla. Ler ainda é o melhor remédio. In: Revista Conhecimento Prático Língua Portuguesa. São Paulo: Ed. Escala (n.41);
- NOVO DA SILVA, Rogéria. Pensamento lógico e expressões formais da lógica.
- VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n.83);
- REGISTROS DO DIÁRIO DE CAMPO INDIVIDUAL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário