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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Artigo

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE II
(Séries Iniciais)


Ana Paula S. Caberlon¹

___________________
¹ Acadêmica em Pedagogia UFPEL, Polo São Francisco de Paula.

A INTENÇÃO GERAL DO TEXTO

Este texto tem por objetivo, trazer aos seus leitores algumas considerações a respeito do ensino e da aprendizagem em uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental, durante o período de Prática Docente, realizado pela acadêmica em Pedagogia, autora do respectivo artigo.
Tais considerações, partem do “Conhecimento e acompanhamento da aprendizagem da turma” pela estudante, complementando com as “Ações necessárias para garantir tal aprendizagem” e com o “Planejamento” elaborado pela mesma, durante o período de sua Prática.
Traz ainda, considerações sobre o “Papel docente a partir das situações de aprendizagem e não aprendizagem” sob diferentes aspectos: “Diante da matriz curricular e do PPP”; “Da aprendizagem dos alunos”; “Da relação com a realidade concreta”; “Da organização e da coordenação das propostas na sala”; e, “Da busca pela rede de apoio.”
A intenção é ao longo do texto, trazer aos leitores, a visão da estudante sobre os diferentes aspectos abordados e sua reflexão sobre o papel docente dentro deste contexto, a partir da sua experiência docente realizada durante o período de estágio, na turma parceira.



1.CONHECIMENTO E ACOMPANHAMENTO DA APRENDIZAGEM DA TURMA

O período, no qual, o estudante de Pedagogia realiza a sua Prática docente, apesar de ser relativamente curto, é essencial, para que o mesmo, possa conhecer e acompanhar a aprendizagem da turma.
Ao longo deste período, foi possível perceber que, a turma parceira, no geral, é uma turma muito boa de se trabalhar, os alunos são interessados, têm vontade de aprender, principalmente, em relação à leitura e escrita.
Neste sentido, é importante aguçar o gosto pela leitura nas crianças, através de atividades que contemplem histórias da literatura infantil e que, posteriormente, proponham aos alunos, a criação de suas próprias histórias.
Entretanto, nem todos os alunos estão no mesmo ritmo de aprendizagem.
Enquanto que, alguns alunos, são capazes de realizar a leitura de um texto, ou mesmo, criar a sua própria história e redigi-la, com autonomia, outros, necessitam de auxílio para avançar na formação das palavras.
Sobre este assunto, a pedagoga “Laísa Larcher”, define com clareza, em um de seus artigos, o que deveria ser o pensamento de todo o educador: “Se a leitura já estiver sempre presente na vida do aluno, ele terá mais facilidade na aquisição da escrita.”
E, ainda acrescenta que, se isso não ocorrer no ambiente familiar do aluno,-que deveria ser o habitual -, é “a escola que deve assumir esse papel, inserindo o aluno em um espaço letrado”, tendo o professor como mediador deste processo, proporcionando ao seu aluno “referenciais para criar e desenvolver suas primeiras reflexões e formulações.”



2. AÇÕES NECESSÁRIAS PARA GARANTIR A APRENDIZAGEM

Considerando, os diferentes ritmos de aprendizagem presentes na turma, faz-se necessário realizar algumas ações, a fim de garantir a aprendizagem de todos os alunos.
Para os alunos com o ritmo de aprendizagem um pouco mais lento, a assistência individual, é de extrema importância para que haja evolução no processo ensino-aprendizagem.
Enquanto, necessitava dar uma atenção maior à esses alunos, na resolução das atividades propostas, uma boa alternativa encontrada era solicitar aos demais alunos que já haviam concluído, que ajudassem os outros colegas na conclusão das mesmas.
Já para os alunos com o ritmo muito acelerado, os quais concluíam as atividades corretamente, antes dos demais colegas, foram necessárias outras ações, além de solicitar a ajuda dos mesmos, também foi preciso adaptar algumas atividades, para que pudessem aprofundá-las mais e, disponibilizar alguns livros da literatura infantil, para que pudessem realizar uma leitura silenciosa após o término das atividades.



3. O PLANEJAMENTO:

O Planejamento elaborado para este período de Prática Docente, priorizou justamente, despertar nos alunos o gosto pela leitura e, por conseguinte, a prática prazerosa da escrita.
Através de atividades relacionadas à diferentes obras da literatura infantil, de diferentes gêneros literários, como a poesia, por exemplo, foi possível construir com os alunos a sua capacidade leitora e escritora, além de trabalhar as áreas do conhecimento, de maneira mais lúdica e encantadora.
Falando em “encantamento”, em relação a prática da leitura em sala de aula, “Carla Cunha”, graduada em Letras/Inglês, defende que “o processo de conquista na infância acontece pelo encantamento.”
Por isso, é necessário estimular o aluno ao máximo, “fomentar o gosto por tal prática, trazer à tona uma semente que necessita ser regada com incentivo, demonstração de amor, exemplos.”
Ao longo da Prática Docente, as atividades propostas buscaram promover esse “encantamento” nos alunos, através de “Rodas de Leitura”, “Leituras em grupo”, “Interpretação teatral da obra literária”, entre outras.
Enfim, como futuros educadores, devemos nos inspirar no conceito de Paulo Freire, de que “ler é aprender a interpretar o mundo, é ir além das letras”, buscando oportunizar ao nosso aluno, situações em que ele possa descobrir o sentido real de tal prática.



4. O PAPEL DOCENTE A PARTIR DAS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM E NÃO APRENDIZAGEM

4.1 Diante da matriz curricular e do PPP:
É importante que, o professor relacione a proposta da Matriz Curricular e do PPP da escola com a sua proposta de aula, pois os mesmos, são elementos norteadores para a Prática Docente.
A partir do planejamento elaborado, busquei promover situações de aprendizagem condizentes com tais elementos.
Para uma turma de 2º ano do Ensino Fundamental, faz-se necessário que, o processo de alfabetização ocorra da melhor maneira possível, tendo o professor como mediador deste processo, proporcionando ao aluno momentos de aprendizagem, bem como, alguns recursos importantes, como o acesso a diferentes obras literárias, que contribuam para a construção da capacidade leitora e escritora do aluno.
Neste sentido, é fundamental que, tanto nas situações de aprendizagem, quanto nas situações de não aprendizagem, o professor continue estimulando o aluno a avançar rumo à construção do seu próprio conhecimento.
Assim como, Rogéria Novo da Silva, afirma em seu artigo “Pensamento lógico e expressões formais da lógica”: “O processo de ensino tem como compromisso organizar-se levando em consideração o protagonismo dos sujeitos e sua capacidade de construir conhecimento […].”

4.2 Diante da aprendizagem dos alunos:

É fundamental que, o professor esteja atento às evidências de aprendizagem e não aprendizagem por parte de seus alunos, em sala de aula. Deste modo, poderá agir de forma coerente em cada situação.
Ao longo deste período de Prática Docente, por diversas vezes, deparei-me com situações dos dois tipos.
De certo modo, a aprendizagem da maioria dos alunos, era evidente. Esta percepção foi possível, através da resposta positiva que era dada pela maioria da turma quanto às atividades propostas; seja através de uma interpretação de texto coerente, ou mesmo, através da construção de um poema ou história realizados com muita criatividade e interesse.
Nestes casos, era essencial elogiá-los, estimulando-os assim, a avançar na construção do próprio aprendizado.
Em alguns casos, onde era evidente, a não aprendizagem, quando percebia que alguns alunos conseguiam concluir certas atividades, era necessário, dar uma atenção maior a eles, auxiliando-os no entendimento e conclusão das mesmas. Buscando sempre, incentivá-los a aprender com seus acertos e não acertos, sem desestimulá-los nunca, ao contrário, fazendo com que eles mesmos percebessem o quanto já evoluíram e o quanto poderão evoluir, no seu próprio processo de aprendizagem, se tiverem força de vontade e dedicação.

4.3 Diante da relação com a realidade concreta:

É imprescindível que, o professor, tenha conhecimento a respeito do “objeto de estudo”, que será trabalhado com seu aluno, facilitando assim, a ação do professor e possibilitando maiores chances de aprendizagem por parte dos alunos.
Conforme, a “Metodologia Dialética de Conhecimento em Sala de Aula”, a qual, é muito bem definida por “Vasconcellos”, em seu artigo, “o conhecimento é construído pelo sujeito na sua relação com os outros e com o mundo”, significando que, “o conteúdo que o professor apresenta precisa ser trabalhado, refletido, re-elaborado, pelo aluno, para se constituir em conhecimento dele.”
Neste sentido, durante a minha Prática Docente, procurei trabalhar com temáticas que eram de meu conhecimento e do interesse dos alunos.
Ainda, segundo “Vasconcellos”, “cabe ao educador não apenas apresentar os elementos a serem conhecidos, mas despertar, como freqüentemente é necessário, e acompanhar o interesse dos educandos pelo conhecimento.”
Percebi que, as temáticas, as quais eu possuía maior conhecimento e experiência de trabalhos anteriores, Meio Ambiente e Reciclagem, por exemplo, foram as que mais entusiasmaram os alunos, facilitando assim, a aprendizagem dos mesmos.
Conhecer bem o assunto a ser trabalhado em sala de aula, traz segurança ao professor, e sobretudo, ao aluno também, que se sente confiante e capaz de assimilar o que foi ensinado pelo professor e ir em busca de novos conhecimentos sobre o assunto.

4.4 Diante da organização e da coordenação das propostas na sala:

As escolhas feitas pelo professor, em relação à organização e coordenação das propostas na sala de aula interferem consideravelmente na aprendizagem dos alunos. Fazendo as escolhas certas, o professor ajuda a potencializar a aprendizagem dos mesmos.
No momento de realizar uma leitura, de um texto ou história, por exemplo, o professor pode propôr uma “Roda de Leitura” aos alunos, disponibilizando-os em círculo e sugerindo que cada um leia um pedaço do texto, ao invés de, apenas distribuir o texto impresso e solicitar que realizem uma leitura silenciosa e individual, em sua própria classe.
A leitura em grupo também é uma boa opção, estimula o aluno a ter vontade de ler cada vez mais e melhor e, a ajudar o colega do grupo que ainda não sabe ler fluentemente.
É neste sentido que, através das escolhas realizadas durante minha Prática Docente, pude obter estas percepções, com as experiências positivas adquiridas.

4.5 Diante da busca pela rede de apoio:

É muito importante que, o professor busque auxílio junto à rede de apoio da escola, e a mesma existir ou estiver atuante no momento, é claro. Pois, deste modo, o professor poderá entender melhor e agir no sentido de garantir a aprendizagem dos alunos.
Neste sentido, ao iniciar a minha Prática Docente, conversei com a professora titular a respeito deste assunto. Fiquei sabendo que, existe uma rede de apoio na escola, inclusive dois alunos da turma estão inscritos no reforço escolar no turno inverso da aula, no entanto, a mesma não está atuante no momento, devido a falta de profissionais.
A família de um desses alunos, que tem mais condições financeiras, resolveu contratar uma professora particular, em turno inverso da escola, para ajudá-lo em suas necessidades individuais de aprendizagem.
É lamentável que, ainda hoje, tenhamos que presenciar este tipo de situação. Onde, um serviço que deveria ser oferecido pelo poder público, tornou-se privado, fazendo com que, a própria família do aluno arcasse com o prejuízo. Sem contar, o outro aluno, que também necessitava de assistência, e, ficou sem, pois não tinha condições financeiras para pagar.
Infelizmente, devido a rede de apoio da escola estar inoperante no momento do estágio, também não pude ter contato com tais profissionais. Pois, acreditava que, se tivesse conseguido estabelecer uma relação com eles, poderia agir de maneira mais eficaz no sentido de garantir a aprendizagem destes alunos.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se dizer que, o conhecimento e acompanhamento da aprendizagem da turma, fundamentam o trabalho do professor, possibilitando-o a dar continuidade ao mesmo, de maneira coesa e coerente.
É importante que, tanto o professor, quanto o estagiário, busquem esse conhecimento e acompanhamento da turma, a fim de, atender as necessidades individuais de cada aluno.
Não é preciso dizer que, o planejamento, é elemento norteador para o trabalho do educador em sala de aula, no entanto, é necessário ressaltar que, este planejamento, deve focar o interesse do aluno, trazendo-lhe “encantamento” nas suas atividades.
Por fim, o papel docente, não se resume apenas em elaborar um bom planejamento e aplicá-lo em sala de aula, mas sim, em conseguir perceber as necessidades individuais de cada aluno, bem como, seus interesses; para que possa adaptar o seu Plano de aula, se assim for preciso, com o intuito de contribuir para a aprendizagem de seus alunos.
É neste sentido que, acredito ter realizado, ao longo da minha Prática docente, um trabalho significativo, tanto para meus alunos, quanto para mim, como futura educadora. Pois, através de temáticas que eram de meu conhecimento, consegui despertar o interesse dos alunos e por fim, promover um resultado positivo, através das próprias atitudes dos alunos, quanto à construção do conhecimento em sala de aula.
“O processo de ensino precisa ser organizado a partir do processo de aprendizagem, preservando as características do objeto de conhecimento a ser construído.” Rogéria Novo da Silva.



REFERÊNCIAS

  • LARCHER, Laísa. Construindo a capacidade escritora. In: Revista Guia Prático do Professor-Ensino Fundamental I. São Paulo: Ed. Escala (n.114);
  • CUNHA, Carla. Ler ainda é o melhor remédio. In: Revista Conhecimento Prático Língua Portuguesa. São Paulo: Ed. Escala (n.41);
  • NOVO DA SILVA, Rogéria. Pensamento lógico e expressões formais da lógica.
  • VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n.83);
  • REGISTROS DO DIÁRIO DE CAMPO INDIVIDUAL.













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